Ao adentrar o universo das histórias, conduzida pelo fio da narrativa, a criança experimenta os acontecimentos do enredo muitas vezes se colocando no lugar do herói ou da heroína.
Pelas portas da fantasia, ela entra em territórios antes inexplorados, tendo assim a oportunidade de viver experiências inéditas em um novo mundo que surge, onde os mais profundos desejos podem se tornar realidade e em um espaço onde são diluídas as fronteiras e limitações.
As histórias podem abrir portas para um tempo e um lugar onde antes nada havia e dos quais a criança pode retornar enriquecida de novos conhecimentos, experiências, imaginação e criatividade, além de melhor capacitada para interpretar imagens e desenvolver sua capacidade de discernimento, pois as aventuras vividas nas histórias aguçam sua percepção e seu olhar para o mundo.
Não permitir ou deixar de oportunizar tal experiência tornaria a infância – bem como a vida adulta – insípida, visto que todo ato de criação deve ser precedido por alguma dose de fantasia.
É do mundo da fantasia que a criança reprimida ou introvertida encontra recursos para afirmar sua individualidade e (re)encontrar a confiança em si mesma.
Esses recursos, disponíveis gratuitamente nas histórias, muitas vezes não parecem estar tão acessíveis no mundo real, visto que algumas vezes a criança ainda não consegue realizar feitos que gostaria, como ter uma aptidão física brilhante, falar claramente, representar, cantar, dançar, jogar bola, ou qualquer outra atividade que seja valorizada no ambiente em que ela está inserida.
No entanto, em seu próprio mundo da fantasia ela pode ser sim o que quiser. E isso lhe investe de uma noção de satisfação e preservação da autoestima que é uma necessidade vital de todo ser humano.
Só fortalecendo-nos a nós mesmo primeiro é que podemos nos apresentar mais inteiros e fortalecidos diante do outro.
“A autoestima é o centro do ser e é essencial para que se possa viver livremente.” Virginia Satir, psicoterapeuta norte-americana.
Por Luciana Zoccoli